E aí, povo, sentiram saudades? Pois é, estou naquele esquema que todo mundo conhece: faculdade, estágio, provas, ônibus lotado, pouco tempo para leitura/escrita. É um mal que, cedo ou tarde, atinge grande parte da população, e eu não sou exceção. Sei que estou há tempos sem postar alguma coisa aqui no blog, mas vou ver se aumento as postagens, colocando algumas resenhas de filmes, séries e outras coisas que também consumo, mas não comento.
Mas vamos lá que tempo é coisa rara e não pode ser desperdiçado com bobagens.
Há algum tempo atrás – acho que no fim do ano passado ou primeiro trimestre desse –, me inscrevi para participar do booktour promovido pela Editora Underworld. Para os que não sabem, um booktour funciona mais ou menos assim – me corrijam se eu estiver errado, blogsfera!: diferentes tipos de livros são disponibilizados para ‘viajar’ pelos mais longínquos recônditos do país, passando pela mão de diferentes blogueiros que, por retribuição de terem lido o livro, devem fazer uma resenha sobre o mesmo. Funciona para divulgar a editora, os autores, os livros e a própria produção literária/editorial do nosso país, que pouco espaço tem nas mídias de massa.
O primeiro livro que caiu na minha caixa de correio – enviado pela blogueira e twitteira Marina (que pode ser encontrada no blog http://www.minhavidaporumlivro.com.br ou no twitter @Marina_MVL) – foi ‘Lázarus’, da escritora paulista Georgette Silen, e é sobre ele que comento hoje.
A primeira impressão que se tem ao pegar o livro ‘Lázarus’ (editora Novo Século, 374p.) é que você está à frente de mais uma daquelas histórias ‘sangue com açúcar’, mais uma a acompanhar a moda, mais uma a passar pela enxurrada de protagonistas sem sal e vampiros galãs indefectíveis que povoaram a literatura sobrenatural no ano passado. Mas não é bem assim que as coisas seguem, quando você começa a ler o livro. ‘Lázarus’ possui a grande qualidade de se destacar entre os demais por ser um romance que ultrapassa a barreira ‘mocinha-conhece-galã-e-o-ama-incondicionalmente’.
Todos os elementos de um romance sobrenatural estão presentes: temos vampiros, temos mocinhas, temos triângulos amorosos, temos mistério, temos paixão. O que me surpreendeu, de início, ao ler Lázarus, foi a escolha da autora por uma protagonista mais madura. O livro conta a história de Laura Vargas, uma brasileira que recebe uma proposta irrecusável de trabalhar em um importante museu da Inglaterra. A mulher é viúva, tem uma filha adolescente e acha que o amor nunca voltará a estar presente em sua vida. No entanto, ao chegar à Inglaterra, ela conhece o misterioso – e com toda a pinta de galã da novela das oito – Robert Fevré e, bem... o resto vocês já devem presumir.
A escrita de Georgette Silen é fluida e perpassa diferentes pontos de vista ao longo de toda a história. Tenho que confessar que o início do livro me decepcionou um pouco no que diz respeito à ação. É tudo muito contemplativo: desde os pensamentos de Laura, passando pelas descrições pormenorizadas e, por vezes, didáticas, de alguns monumentos históricos ingleses, desembocando em páginas e mais páginas de Laura se questionando sobre a vida, o universo e tudo mais. Acho que essa ambientação é importante, mas poderia ser mais curta. Laura é uma personagem que já morou na Inglaterra e sabe muito bem o que é o quê. Explicar para o leitor detalhadamente cada aspecto de um prédio, rua ou estátua pode se tornar cansativo com o tempo.
Mas, passado esse início, a história engata. E bem. O livro é vendido como ‘para agradar mulheres’, mas acho que Georgette soube dosar muito bem quando agradar a quem. Há a parte do romance, mas também há uma ação tresloucada da metade para o final do livro que me fez parar um segundo e pensar se estava lendo realmente um livro ‘de menina’. São armas, espadas, sangue espalhado pelo chão e cenas com uma grande carga sexual que agradam não apenas à mocinhas sedentas por romances e declarações de amor, mas também aos leitores que não estão muito entusiasmados com essa parte. Ponto positivo para a autora.
Quanto aos personagens, não tenho muito do que reclamar: são todos muito bem construídos e guiados pela autora, ganhando vivacidade em alguns momentos. Mesmo sendo muitos, conseguimos distinguir cada um por suas particularidades. Confesso que sou um fracasso para gravar nomes, e tenho por indicativo de uma história com personagens bem construídos, o número de nomes que consigo guardar. Com Lázarus, lembro perfeitamente de quase todos: da chefe Clementine, do misterioso Robert, do ciumento David, da adolescente Cinthia, do mestiço Eric, etc etc etc... cada um possui tanta carga emocional – e Georgette separa um tempo especial para mostrar a história passada de cada um dos vampiros do clã – que acho que seria fácil ter um livro para cada personagem. Eu gostaria de ler e saber mais sobre Morgana e Josh, por exemplo, que possuem histórias incríveis e contadas tão rapidamente.
Mas tenho uma reclamação em particular que me incomodou um pouco ao longo de todo o livro: a revisão. Tenho consciência de que revisão não é uma obrigação exclusiva do autor, mas também da editora, então minha crítica se direciona muito mais à Novo Século do que a Georgette Silen em si: o livro possui pouca ou quase nenhuma revisão. Há uma centena de erros de vírgula – principalmente nos vocativos –, palavras em excesso, falta de paralelismo em algumas passagens e tudo mais. Não é algo que tire mérito da história, mas acredito que uma melhor revisão o transformaria em um livro realmente excepcional. Porque, no que diz respeito à história, ele é belissimamente construído.
Resumindo:
Pontos altos: personagens bem construídos, pontos de vista diversos, ação e emoção bem dosadas, cenas incríveis (como a do conselho de clãs e uma passagem logo ao final do ‘livro um’ que eu não posso comentar muito para não estragar a surpresa), escolha por uma protagonista mais madura.
Pontos baixos: começo arrastado e (má) revisão.
Como viram, o número de qualidades supera – e muito! – os pequenos defeitos. Então, o que você está esperando para ler esse livraço?! Corra lá e aproveita que o livro tá mais barato! Quando você descobrir o que é ‘Lázarus’ e adentrar na vida de personagens tão incríveis, tenho certeza de que ficará esperando pelos próximos volumes dessa história.
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