Nietzsche diz: “é necessário ter
o caos cá dentro para gerar uma estrela”. Odeio qualquer tipo de citação
pseudo-filosófica (ainda mais nietzschiana), mas acho que essa cabe muito bem
quando tratamos de dubstep. Se há uma palavra com a qual poderia categorizar esse
ritmo, diria ‘caótico’. As músicas, a princípio, parecem desprovidas de uma
construção interna, de coerência de ideias e junção de ritmos. Ao contrário,
parecem miscelâneas enfiadas de qualquer jeito em cinco minutos de barulhos estranhos
e cliques repetitivos. Parecem, de fato, uma língua estranha, e a piada de que
dubstep é a linguagem dos aliens que os humanos começaram a dançar pode até ter
algum sentido.
O dubstep não é um movimento
isolado, no entanto. Nasceu nos início dos anos 2000, da junção do Dub – ritmo jamaicano
nascido nos anos 60, que consistia em remixar os reggaes e retirar parte de
seus vocais, valorizando a parte de bateria e baixo – e o 2-step garage – ritmo
originado no cenário obscuro de música eletrônica inglesa nos anos 90, que
desprezava a coerência de ritmos lentos e suaves e valorizava ritmos
irregulares e nervosos. Parece um filho feio de dois subgêneros, que apareceu
como um nicho dentro de um nicho e que, por algum motivo, se destacou para o
cenário mainstream e agora, na imagem
meio-careca meio-cabeluda de Skrillex, figura no top 40 de música inglesa e no
top 100 da billboard.
Tenho algumas teorias para tentar
entender o sucesso do dubstep dentro de alguns nichos, e acho que o principal
deles é a própria desconstrução musical, uma de suas principais
características. A música parece pegar uma dezena de ritmos diferentes –
rap, hip hop, rock, house, reggae, pop, entre outros – e envolvê-los em
uma amálgama de sonoridade coerente, mas não coesa. Isso pode parecer papo de
maluco, mas é fascinante a possibilidade de unir todos esses ritmos
caoticamente e, ainda assim, fazer com que tenham algum sentido musical.
Fazendo um paralelo, o dubstep está para a música tal qual o new weird está
para a literatura de gênero. É um caos controlado, uma histeria que,
a princípio, faz você revirar os olhos e dizer ‘peraí, que merda é essa?’, mas,
dada a devida atenção, desdobra-se em um mundo completamente novo de
possibilidades.
Alguns nomes
Mas nem só de Skrillex vive o
universo dubstep. Apesar desse cara magrelo com cara de nerd ser o principal
expoente atual do gênero, há alguns outros que são tão bons quanto ele, e que
vocês devem conhecer. Não conheço todos e nem ouço todos, mas vou colocar
algumas referências minhas aqui que – acho eu – são bem interessantes.
Borgore
Borgore é o nome artístico de Asaf Borger, um israelense que é produtor musical, DJ e baterista de uma banda de black metal (!!). Ele trata sua música como “gorestep”, uma vez que possuem muitas influências de metal e filmes de terror. Mas tem como ouvir essa música abaixo e pensar em qualquer coisa ruim?
Borgore é o nome artístico de Asaf Borger, um israelense que é produtor musical, DJ e baterista de uma banda de black metal (!!). Ele trata sua música como “gorestep”, uma vez que possuem muitas influências de metal e filmes de terror. Mas tem como ouvir essa música abaixo e pensar em qualquer coisa ruim?
M.I.A.
Talvez a mais famosa entre as
difusoras do dubstep. M.I.A. é a definição do que é o ritmo: caótica,
hiperativa, criativa e em todos os lugares ao mesmo tempo. M.I.A. é cantora, cineasta, compositora, artista e ativista. É do tipo de faz funks de
manhã, colabora com o clipe da Madonna de tarde e mixa dubstep à noite. Seu
último álbum, ‘M/\Y/\’, possui uma tonelada de referências musicais orientais e
ocidentais, e o dubstep é extremamente presente nas faixas menos conhecidas. Como
essa daqui, ó:
Diplo
Produtor musical da Filadélfia,
apaixonado por dinossauros e funk carioca. Trabalhou com nomes icônicos do pop,
tais como Beyoncé, No Doubt e Usher, e foi o responsável pela difusão do funk
carioca em terras nortistas, durante baladas inglesas e americanas, onde tocava
mixtapes produzidas por ele. Conheceu o funk através de uma fita tape de amigas
argentinas e, depois de se fascinar pelo ritmo, comprou uma passagem para o
Brasil e decidiu ver com os próprios olhos o baile funk. Levou o ritmo para
outras terras e fascinou M.I.A., com quem produziu o hit cheio de batidas
cariocas ‘Bucky Done Gun’. Suas últimas incursões no mundo da música eletrônica
trazem muito de dubstep, principalmente um de seus últimos EP’s, ‘Express Yourself’.
James Blake
Um pouco menos escandaloso e
muito mais lírico do que qualquer um de seus parceiros, James Blake é
considerado dubstep por uma vírgula. Suas músicas são lentas e as incursões
eletrônicas são como sussurros. Não é uma música para dançar, mas para ouvir de
olhos fechados. Parecem uma viagem psicodélica às avessas, uma sessão de i-doser
(alguém se lembra disso?) com vocais desconstruídos, músicas que começam pela
metade e terminam no começo. Diferente de grande parte dos produtores/mixers/DJ’s
de dubstep, James Blake aposta e sustenta grande parte de suas músicas nos vocais.
Menção honrosa: Skrillex
É claro que eu não poderia deixar
de falar do queridinho do dubstep. Ex-vocalista da banda ‘From First to Last’ e
incentivador do cenário alternativo norte-americano, Skrillex raspou metade da
cabeça, debruçou-se sobre uma mesa de som e começou a fazer aquilo que viria a
transformá-lo na maior influência mainstream
do gênero. Suas músicas são excessivas, rápidas, caóticas e escandalosas, para
dizer o mínimo. Usou a famosa profecia de Jim Morrison em uma de suas músicas,
em um tipo de autorreferência muito bem orquestrada.
Menção honrosa: vídeo
Música 'Bangarang', do Skrillex, na versão voz. Uma das coisas mais incríveis que eu já ouvi:
Esse texto foi escrito com músicas variadas de dubstep, em uma linearidade tão caótica quanto o próprio gênero. Ouvi todas as músicas que citei e mais uma
tonelada que não lembro mais, por isso não vou te perturbar muito com um monte
de citações.
deixa ver se eu entendi! vc sequer escutou dubstep direito e vem falar que não passa de uma colação de sons estranhos ,acelerados,e bla bla......!!!!!!!! esse genero ainda tem muito o que crescer é verdade,sou fã de musica eletronica da mais dançante até a mais classica(as operas eletronicas de jean m jarre) posso dizer então: skrillex pode ser difusor do genero mas por ser um dos mais pop,ele não é o melhor te aconselho escutar o Nero, a inglesa Katy B, Benga que conseguem fazer dubsteps melodiosos é até proximos da opera e do futurismo, não considero a sua opnião valida,mas ism que vc precisa pensar muito sobre esse genero e conhecer mais do que você fala
ResponderExcluire para complementar esses dubstep's micelanias,mal construidos,não passam de uma musica house exagerada mesmo!!!! não sou muito fã desse sub-genero do dubstep que se chama Brostep!!!!!!
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